Memorável momento da televisão. O fascínio maior estava em trazer de volta os anos 60. No entanto a importância da minissérie está mesmo em revelar ao país a obscuridade dessa década no Brasil, sem ser didática nem formadora de opinião. A luta armada de alguns era narrada junto ao cotidiano daqueles que viveram essa época em total alienção.
Tendo como pano de fundo o caso de amor de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) e Maria Lúcia (Malu Mader), a história mostrou ao país a luta clandestina de grupos engajados politicamente na tentativa de mudar a história do país. Os relatos mesclaram ficção e realidade através do ideal de vida de João Alfredo, jovem preocupado com as questões sociais do país, capaz de colocar a militância política acima de sua felicidade e realização pessoal.
Não deixa de ser irônico que Anos Rebeldes tenha surgido justamente quando aquele que deveria ser o colorário natural deste processo - o primeiro presidente da República eleito por voto direto após 33 anos, Fernando Collor de Mello - se transformou na decepção de milhares de brasileiros.
A minissérie trouxe para a rua os jovens, que exigiram o impeachment do presidente, rejeitando o rótulo de alienados, numa atitude nitidamente inspirada no idealismo de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), transformando numa minoria silenciosa os admiradores de Maria Lúcia (Malu Mader), a namorada individualista do herói.
Tendo como pano de fundo o caso de amor de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) e Maria Lúcia (Malu Mader), a história mostrou ao país a luta clandestina de grupos engajados politicamente na tentativa de mudar a história do país. Os relatos mesclaram ficção e realidade através do ideal de vida de João Alfredo, jovem preocupado com as questões sociais do país, capaz de colocar a militância política acima de sua felicidade e realização pessoal.
Não deixa de ser irônico que Anos Rebeldes tenha surgido justamente quando aquele que deveria ser o colorário natural deste processo - o primeiro presidente da República eleito por voto direto após 33 anos, Fernando Collor de Mello - se transformou na decepção de milhares de brasileiros.
A minissérie trouxe para a rua os jovens, que exigiram o impeachment do presidente, rejeitando o rótulo de alienados, numa atitude nitidamente inspirada no idealismo de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), transformando numa minoria silenciosa os admiradores de Maria Lúcia (Malu Mader), a namorada individualista do herói.
Uma das cenas mais marcantes da minissérie foi a morte de Heloísa (Cláudia Abreu), a tiros de metralhadora, por um policial, ao tentar fugir do país. E foi nesta sequência que ocorreu um dos mais notórios erros de continuidade da nossa teledramaturgia. Na cena, o carro em que Heloísa estava, é parado por um policial e ela sai do automóvel, com uma bolsa a tiracolo, enquanto os demais ocupantes do carro permanecem dentro do veículo. Colocando a mão na bolsa, o policial pensa que ela vai sacar uma arma e atira nela. Quando é atingida, Heloísa joga a bolsa longe, enquanto o carro sai em disparada. Numa tomada posterior, quando o inspetor Camargo (Francisco Milani) se aproxima da vítima, a bolsa está junto ao seu corpo, e não longe como na cena anterior. É quando ele percebe que Heloísa tirava a carteira de identidade da bolsa, e não uma arma.
O editor Queiróz (Carlos Zara), e mais propriamente a sua luta contra o regime militar, foi inspirado em Ênio Silveira da Civilização Brasileira.
Quando Kadu Moliterno foi convidado para fazer Anos Rebeldes, seria Nelson, o professor de violão de Heloísa por ela escolhido para perder a virgindade. Mas Marcos Paulo, que faria Inácio Avelar, não pôde fazer, acabando Kadu com o papel. Para compor o visual do personagem, pela primeira vez o ator deixou crescer barba.
Gilberto Braga inspirou-se na diretora Tetê Medina para compôr Avelar. Na época ela era funcionária do Itamaraty, mas engajada na luta como o professor de História da minissérie. No entanto, ela nega que, como o personagem, tenha utilizado o telex ou a mala diplomática da chancelaria brasileira para denunciar aos jornais europeus crimes cometidos contra presos políticos.
"Eu não era louca para mandar denúncias pela mala diplomática", disse Tetê. "Elas eram enviadas mesmo, mas por outros meios."
O jornalista Zuenir Ventura cobriu de elogios o cineasta Sílvio Tendler, responsável pelas vinhetas semi-documentais que misturavam filmes feitos na época com cenas de ficção rodadas a preto-e-branco. Segundo ele, "Gilberto Braga consegue devolver o valor essencial daquele momento, que é a paixão. E acho que a grande atualidade da série, principalmente para os políticos, é mostrar que a política pode ser ética."
Menos entusiasta, o deputado Alfredo Sirkis - que muitos afirmaram ser o modelo que inspirou o personagem João Alfredo - preocupou-se com a censura vigente na Globo: "Sei que Anos Rebeldes não é uma obra política, mas uma história de amor ambientada nos anos de chumbo. Só que este pano de fundo tem que ser honesto. Não se pode atenuar o terror que foi aquela época, em termos de repressão e cerceamento da liberdade."
Por altura da estréia, Denis Carvalho afirmou: "Não é apenas mais uma simples série, é uma coisa que transcende. Topei o projeto porque percebi a sua importante conotação com o atual momento nacional. Nesses anos rebeldes, o país estava em ebulição, como está agora."
Militantes de esquerda, Bete Mendes, Francisco Milani e Gianfrancesco Guarnieri, do elenco, passaram pelas prisões da ditadura.
Gilberto Braga narrou na minissérie uma passagem acontecida consigo na época em que escrevia Escrava Isaura. O personagem Galeno Quintanilha, de Pedro Cardoso, era um novelista que escrevia uma trama de cunho abolicionista nos anos 70 e foi repreendido por uma censora numa reunião em Brasília. Gilberto de fato passou por essa situação e aproveitou a minissérie para mostrar aos telespectadores as dificuldades pelas quais passavam os autores nos "anos de chumbo".
Destaque para as ótimas interpretações de Cássio Gabus Mendes e Cláudia Abreu, que viveram João Alfredo e Heloísa.
Anos Rebeldes foi premiada pela Associação Paulista dos Criticos de Arte (APCA) com o Grande Prêmio da Crítica e com o prêmio de melhor atriz, para Cláudia Abreu, em 1992.
O tema de abertura, Alegria Alegria de Caetano Veloso, já havia sido usada na abertura da novela Sem Lenço Sem Documento, em 1977.
O texto foi lançado em livro (Editora Globo), com adaptação de Flávio de Campos, em julho de 1992, ao mesmo tempo em que a minissérie estava sendo exibida.
Em junho de 2010, Gilberto Braga lançou o roteiro completo da minissérie no livro "Anos Rebeldes - Os Bastidores da Criação de Uma Minissérie" (Editora Rocco).
Anos Rebeldes foi reapresentada de 07 a 31/03/1995, em 16 capítulos, nas comemorações dos 30 anos da emissora. Também reprisada de 17 a 24/01/2005, no Multishow (canal de TV paga pertencente à Rede Globo), em comemoração aos 40 anos da emissora. O Multishow reapresentou a versão internacional de 6 capítulos, com todas as legendas de passagem de tempo em inglês.
Anos Rebeldes também foi lançada em video nos anos 90, e em DVD, em 2003.
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