segunda-feira, 30 de maio de 2011

Anos Rebeldes: Um olhar sobre 1992

 


Em 1992 eu tinha cinco anos de idade, somente aos 6 comecei a assistir e acompanhar com ansiedade as telenovelas. Lembro-me com perfeição em 1993, das tramas Renascer, Sonho Meu e principalmente Mulheres de Areia. Naquela época já tinha uma certa tendência a torcer por histórias e personagens nada óbvios, divertidos e pecadores. Odiava a Ruth, amava a Raquel, ambas muito bem interpretada por Glória Pires. A minha mãe lia muito a revista Contigo! ( ainda com exclamação no final) quando a publicação fazia o que a MInha Novela faz hoje em relação as noticias da dramaturgia na TV. Vi uma foto da atriz Cláudia Abreu de cabelos bem curtinhos. Falava da minissérie Anos Rebeldes.. 

Aos 8 anos, em 1995 assisti Anos Rebeldes. Naquele ano já tinha ouvido histórias em relação a trama, mas principalmente ao trabalho de Cláudia Abreu.Eu vi a cena de sua personagem sendo metralhada. E claro, não entendi a importância da série para o país e para os jovens daquela época. Anos mais tarde quando comecei na escola a estudar sobre a ditadura militar no Brasil, eu entendi.

O Brasil, país submisso primeiro pelos portugueses e mais tarde pelas próprias circunstâncias. Durante o perído militar principalmente em 1968, muitos jovens brasileiros se manifestaram na luta por um país melhor. Não só eles,mas boa parte da classe artistica, tanto que muitos deles forma exilados pelo regime como: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Lutamos pela redemocratização e depois de 20 anos ela ocorre. Na primeira eleição para voto direto no Brasil para presidente, Fernando Collor de Melo vence.

Gilberto Braga de forma corajosa resolveu criar uma história falando do mais tenebroso período no Brasil. Criou Maria Lúcia e e João Alfredo, dois personagens com ideologias distintas que seria o grande obstáculo para a felicidade de ambos. Interpretados por Malu Mader e Cássio Gabus Mendes, o casal representava uma relação mais madura do que a ingenuidade do casal de outra série de Braga, Anos Dourados (1986).

Essa é uma das consequências de Anos Rebeldes aliada a força dos caras pintadas em 1992





Alías, uma faz parte da outra. Cada uma delas contou uma época. Anos Dourados, a pureza, os bailes e o namoro puro da década de 1950. Por isso, conquistou tanto a audiência. Anos Rebeldes, a inquietude de uma juventude disposta a tudo para lutar por liberdade. Essa ideologia, pode ter rendido problemas a Gilberto que reescreveu quatro capítulos ( do 11 ao 14) considerados exagerados pelas torturas retratadas no golpe militar, porém os jovens de 1992, por causa da dramaturgia resolveram fazer como João Alfredo. Lutaram e conseguiram com as caras pintadas tirar o presidente Collor do poder. Esse foi o último grande movimento juvenil, pois a juventude, da qual faço parte decaiu e muito ao longo dos anos.

Anos Rebeldes foi a primeira obra da teledramaturgia, dentro de uma emissora comercial a explorar o tema ditadura. É a maior prova de como as histórias influenciam o público nas suas decisões. Nada nela pode jamais ser esquecido. Heloísa, de moça mimada a revolucionária, morta no fim da trama, além de ser o mais interessante personagem da minisérie é o maior papel de Claúdia Abreu em sua carreira. Pensem na hora de achar que a Laura de Celebridade é maior que Heloísa, pois irão se enganar. 

Heloísa, rica e linda

Mas termina justiceira e  morta em uma cena com comentado erro de continuidade


Até Gilberto Braga foi retratado em Anos Rebeldes na pele do aspirante a autor de novelas Galeano ( Pedro Cardoso). Em uma cena Galeano é forçado a inverter certas palavras de uma novela que falava sobre escravidão no Brasil para evitar problemas. Estava bem claro que a novela era A Escrava Isaura adptação de Gilberto Braga da obra de Bernardo Guimarães em 1976.

Uma obra para não ser esquecida, além do sucesso necessita possuir um poder transformador. Esse foi o caso de Anos Rebeldes.

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