terça-feira, 31 de maio de 2011

O jornalista Orlando Damasceno leva um tiro


Dia 31 de março de 1964. Tudo muito tenso, muito estridente. Muito barulho e pouco som. Redação de jornal era coisa de doido. Em dia de golpe de Estado, você imagine. Eram umas seis e meia da tarde, e lá estavam: João (Cássio Gabus Mendes), Galeno (Pedro Cardoso), Waldir (André Pimentel) e Edgar (Marcelo Serrado), conversando com o jornalista Orlando Damasceno (Geraldo Del Rey).

As tropas do general Mourão marcaham rumo ao Rio, a redação está um caos, os rapazes conversando sobre o acontecimentos e chega Maria Lúcia (Malu Mader). Ao vê-los ela não entende o que os Três Mosqueteiros estão fazendo lá, até Damasceno (Geraldo Del Rey) junto com João (Cássio Gabus Mendes), Galeno (Pedro Cardoso) e Waldir (André Pimentel) decidem ir rumo à UNE.


Maria Lúcia (Malu Mader) fica desesperada com a decisão, grita briga, mas nada muda a decisão de seu pai. Edgar (Marcelo Serrado) decide levá-la para casa.
 
Durante a noite, João (Cássio Gabus Mendes), Galeno (Pedro Cardoso), Waldir (André Pimentel) e Orlando Damasceno (Geraldo Del Rey) e os demais militantes foram cercados pela polícia, pela manhã os policiais jogaram gás lacrimogêneo e atiraram, algums pessoas tentando fugir do gás, ficam na janela, Damasceno avisa sobre os riscos dos tiros, mas ao abaixar um rapaz, ele é atingido por uma bala.


João (Cássio Gabus Mendes) chega na casa de Maria Lúcia (Malu Mader), e ao ver que seu pai não está com ele, ela se desespera.

Será que o Jornalista Orlando Damasceno morreu ou está internado? Não perca em Anos Rebeldes nesta terça-feira.

Golpe militar de 1964



por Alexandre Bigeli

No começo da década de 60, o país atravessava uma profunda agitação política. Depois da renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, assumiu seu vice, João Goulart (Jango), um homem de convicções esquerdistas para a então política brasileira.

Faziam parte de seus planos as reformas de base, que pretendiam reduzir as desigualdades sociais brasileiras. Entre estas, estavam as reformas bancária, eleitoral, universitária e agrária.

O perfil de Jango logo preocupou as elites, que temiam uma alteração social que ameaçasse seu poder econômico. Por isso, uma série de decisões foram tomadas para enfraquecer o presidente. A mais famosa foi a adoção do parlamentarismo, que, em 1961 e 1962, atribuiu funções do presidente ao Congresso, então dominado por representantes das elites. O regime presidencialista foi restabelecido em 1963 após um plebiscito.

A crise econômica e a instabilidade política se propagavam no país. Jango propôs as reformas constitucionais que aceleraram a reação das elites, criando as condições para o golpe de 64. Com as reformas, Jango pretendia controlar a remessa de dinheiro para o exterior, dar canais de comunicação aos estudantes e permitir que os analfabetos, maioria da população, votassem.

O estopim do golpe militar aconteceu em março de 1964, quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.

Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram, em São Paulo, a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio a qualquer tentativa de ultraje à Constituição Brasileira e à defesa dos principios, garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens.

Apesar da manifestação, em 31 de março os militares iniciam a tomada do poder. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai.

Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Castello Branco foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

João e Edgar conhecem Maria Lúcia


ANOS INOCENTES - Em 1964, as aulas começaram no dia 5 de março. João (Cássio Gabus Mendes), Galeno (Pedro Cardoso), Waldir (André Pimentel) e Edgar (Marcelo Serrado) poderiam ser os Três Mosqueteiros. É com essa inocência que começa uma das melhores minisséries brasileiras.
João (Cássio Gabus Mendes) prepara a Semana da Carreira no Colégio Pedro II junto com os seus amigos, e checam a klista de conferencistas: Oscar Niemeyer e Evandro Lins e Silva já estavam contactados. Galeno irira contactar Oduvaldo Viana e falatava o jornalista Orlando Damasceno (Geraldo Del Rey), eles resolvem ir a redação do Correio Carioca, mas descobrem que a filha dele, Maria Lúcia (Malu Mader), estuda no colégio no turno da tarde.

Sendo que no primeiro encontro dos três (Edgar, João e Maria Lúcia), nem tudo sai como planejado. A conversa começa entre a troca d eturnos e Maria Lúcia não dá muita atenção e sobe as escadarias correndo em direção a aula.

João (Cássio Gabus Mendes) acha ela besta, mas Edgar (Marcelo Serrado) descobre que ela era a mulher da vida dele.

Será que João vai conseguir convidar o Jornalista Orlando Damasceno? Não perca em Anos Rebeldes nesta segunda-feira.

Anos Rebeldes: Um olhar sobre 1992

 


Em 1992 eu tinha cinco anos de idade, somente aos 6 comecei a assistir e acompanhar com ansiedade as telenovelas. Lembro-me com perfeição em 1993, das tramas Renascer, Sonho Meu e principalmente Mulheres de Areia. Naquela época já tinha uma certa tendência a torcer por histórias e personagens nada óbvios, divertidos e pecadores. Odiava a Ruth, amava a Raquel, ambas muito bem interpretada por Glória Pires. A minha mãe lia muito a revista Contigo! ( ainda com exclamação no final) quando a publicação fazia o que a MInha Novela faz hoje em relação as noticias da dramaturgia na TV. Vi uma foto da atriz Cláudia Abreu de cabelos bem curtinhos. Falava da minissérie Anos Rebeldes.. 

Aos 8 anos, em 1995 assisti Anos Rebeldes. Naquele ano já tinha ouvido histórias em relação a trama, mas principalmente ao trabalho de Cláudia Abreu.Eu vi a cena de sua personagem sendo metralhada. E claro, não entendi a importância da série para o país e para os jovens daquela época. Anos mais tarde quando comecei na escola a estudar sobre a ditadura militar no Brasil, eu entendi.

O Brasil, país submisso primeiro pelos portugueses e mais tarde pelas próprias circunstâncias. Durante o perído militar principalmente em 1968, muitos jovens brasileiros se manifestaram na luta por um país melhor. Não só eles,mas boa parte da classe artistica, tanto que muitos deles forma exilados pelo regime como: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Lutamos pela redemocratização e depois de 20 anos ela ocorre. Na primeira eleição para voto direto no Brasil para presidente, Fernando Collor de Melo vence.

Gilberto Braga de forma corajosa resolveu criar uma história falando do mais tenebroso período no Brasil. Criou Maria Lúcia e e João Alfredo, dois personagens com ideologias distintas que seria o grande obstáculo para a felicidade de ambos. Interpretados por Malu Mader e Cássio Gabus Mendes, o casal representava uma relação mais madura do que a ingenuidade do casal de outra série de Braga, Anos Dourados (1986).

Essa é uma das consequências de Anos Rebeldes aliada a força dos caras pintadas em 1992





Alías, uma faz parte da outra. Cada uma delas contou uma época. Anos Dourados, a pureza, os bailes e o namoro puro da década de 1950. Por isso, conquistou tanto a audiência. Anos Rebeldes, a inquietude de uma juventude disposta a tudo para lutar por liberdade. Essa ideologia, pode ter rendido problemas a Gilberto que reescreveu quatro capítulos ( do 11 ao 14) considerados exagerados pelas torturas retratadas no golpe militar, porém os jovens de 1992, por causa da dramaturgia resolveram fazer como João Alfredo. Lutaram e conseguiram com as caras pintadas tirar o presidente Collor do poder. Esse foi o último grande movimento juvenil, pois a juventude, da qual faço parte decaiu e muito ao longo dos anos.

Anos Rebeldes foi a primeira obra da teledramaturgia, dentro de uma emissora comercial a explorar o tema ditadura. É a maior prova de como as histórias influenciam o público nas suas decisões. Nada nela pode jamais ser esquecido. Heloísa, de moça mimada a revolucionária, morta no fim da trama, além de ser o mais interessante personagem da minisérie é o maior papel de Claúdia Abreu em sua carreira. Pensem na hora de achar que a Laura de Celebridade é maior que Heloísa, pois irão se enganar. 

Heloísa, rica e linda

Mas termina justiceira e  morta em uma cena com comentado erro de continuidade


Até Gilberto Braga foi retratado em Anos Rebeldes na pele do aspirante a autor de novelas Galeano ( Pedro Cardoso). Em uma cena Galeano é forçado a inverter certas palavras de uma novela que falava sobre escravidão no Brasil para evitar problemas. Estava bem claro que a novela era A Escrava Isaura adptação de Gilberto Braga da obra de Bernardo Guimarães em 1976.

Uma obra para não ser esquecida, além do sucesso necessita possuir um poder transformador. Esse foi o caso de Anos Rebeldes.

Reportagem da Revista VEJA no lançamento da minissérie em 1992




sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bastidores da minissérie

 

 Memorável momento da televisão. O fascínio maior estava em trazer de volta os anos 60. No entanto a importância da minissérie está mesmo em revelar ao país a obscuridade dessa década no Brasil, sem ser didática nem formadora de opinião. A luta armada de alguns era narrada junto ao cotidiano daqueles que viveram essa época em total alienção.

Tendo como pano de fundo o caso de amor de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) e Maria Lúcia (Malu Mader), a história mostrou ao país a luta clandestina de grupos engajados politicamente na tentativa de mudar a história do país. Os relatos mesclaram ficção e realidade através do ideal de vida de João Alfredo, jovem preocupado com as questões sociais do país, capaz de colocar a militância política acima de sua felicidade e realização pessoal.

Não deixa de ser irônico que Anos Rebeldes tenha surgido justamente quando aquele que deveria ser o colorário natural deste processo - o primeiro presidente da República eleito por voto direto após 33 anos, Fernando Collor de Mello - se transformou na decepção de milhares de brasileiros.

A minissérie trouxe para a rua os jovens, que exigiram o impeachment do presidente, rejeitando o rótulo de alienados, numa atitude nitidamente inspirada no idealismo de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), transformando numa minoria silenciosa os admiradores de Maria Lúcia (Malu Mader), a namorada individualista do herói.


Uma das cenas mais marcantes da minissérie foi a morte de Heloísa (Cláudia Abreu), a tiros de metralhadora, por um policial, ao tentar fugir do país. E foi nesta sequência que ocorreu um dos mais notórios erros de continuidade da nossa teledramaturgia. Na cena, o carro em que Heloísa estava, é parado por um policial e ela sai do automóvel, com uma bolsa a tiracolo, enquanto os demais ocupantes do carro permanecem dentro do veículo. Colocando a mão na bolsa, o policial pensa que ela vai sacar uma arma e atira nela. Quando é atingida, Heloísa joga a bolsa longe, enquanto o carro sai em disparada. Numa tomada posterior, quando o inspetor Camargo (Francisco Milani) se aproxima da vítima, a bolsa está junto ao seu corpo, e não longe como na cena anterior. É quando ele percebe que Heloísa tirava a carteira de identidade da bolsa, e não uma arma.

O editor Queiróz (Carlos Zara), e mais propriamente a sua luta contra o regime militar, foi inspirado em Ênio Silveira da Civilização Brasileira.

Quando Kadu Moliterno foi convidado para fazer Anos Rebeldes, seria Nelson, o professor de violão de Heloísa por ela escolhido para perder a virgindade. Mas Marcos Paulo, que faria Inácio Avelar, não pôde fazer, acabando Kadu com o papel. Para compor o visual do personagem, pela primeira vez o ator deixou crescer barba.

Gilberto Braga inspirou-se na diretora Tetê Medina para compôr Avelar. Na época ela era funcionária do Itamaraty, mas engajada na luta como o professor de História da minissérie. No entanto, ela nega que, como o personagem, tenha utilizado o telex ou a mala diplomática da chancelaria brasileira para denunciar aos jornais europeus crimes cometidos contra presos políticos.
"Eu não era louca para mandar denúncias pela mala diplomática", disse Tetê. "Elas eram enviadas mesmo, mas por outros meios."

O jornalista Zuenir Ventura cobriu de elogios o cineasta Sílvio Tendler, responsável pelas vinhetas semi-documentais que misturavam filmes feitos na época com cenas de ficção rodadas a preto-e-branco. Segundo ele, "Gilberto Braga consegue devolver o valor essencial daquele momento, que é a paixão. E acho que a grande atualidade da série, principalmente para os políticos, é mostrar que a política pode ser ética."

Menos entusiasta, o deputado Alfredo Sirkis - que muitos afirmaram ser o modelo que inspirou o personagem João Alfredo - preocupou-se com a censura vigente na Globo: "Sei que Anos Rebeldes não é uma obra política, mas uma história de amor ambientada nos anos de chumbo. Só que este pano de fundo tem que ser honesto. Não se pode atenuar o terror que foi aquela época, em termos de repressão e cerceamento da liberdade."

Por altura da estréia, Denis Carvalho afirmou: "Não é apenas mais uma simples série, é uma coisa que transcende. Topei o projeto porque percebi a sua importante conotação com o atual momento nacional. Nesses anos rebeldes, o país estava em ebulição, como está agora."


Militantes de esquerda, Bete Mendes, Francisco Milani e Gianfrancesco Guarnieri, do elenco, passaram pelas prisões da ditadura.

Gilberto Braga narrou na minissérie uma passagem acontecida consigo na época em que escrevia Escrava Isaura. O personagem Galeno Quintanilha, de Pedro Cardoso, era um novelista que escrevia uma trama de cunho abolicionista nos anos 70 e foi repreendido por uma censora numa reunião em Brasília. Gilberto de fato passou por essa situação e aproveitou a minissérie para mostrar aos telespectadores as dificuldades pelas quais passavam os autores nos "anos de chumbo".

Destaque para as ótimas interpretações de Cássio Gabus Mendes e Cláudia Abreu, que viveram João Alfredo e Heloísa.

Anos Rebeldes foi premiada pela Associação Paulista dos Criticos de Arte (APCA) com o Grande Prêmio da Crítica e com o prêmio de melhor atriz, para Cláudia Abreu, em 1992.

O tema de abertura, Alegria Alegria de Caetano Veloso, já havia sido usada na abertura da novela Sem Lenço Sem Documento, em 1977.



O texto foi lançado em livro (Editora Globo), com adaptação de Flávio de Campos, em julho de 1992, ao mesmo tempo em que a minissérie estava sendo exibida.
Em junho de 2010, Gilberto Braga lançou o roteiro completo da minissérie no livro "Anos Rebeldes - Os Bastidores da Criação de Uma Minissérie" (Editora Rocco).

Anos Rebeldes foi reapresentada de 07 a 31/03/1995, em 16 capítulos, nas comemorações dos 30 anos da emissora. Também reprisada de 17 a 24/01/2005, no Multishow (canal de TV paga pertencente à Rede Globo), em comemoração aos 40 anos da emissora. O Multishow reapresentou a versão internacional de 6 capítulos, com todas as legendas de passagem de tempo em inglês.

Anos Rebeldes também foi lançada em video nos anos 90, e em DVD, em 2003.